Sofia | mãe da Madalena

A nossa história de amamentação durou cerca de 19 meses. Não me recordo da primeira vez que a minha filha mamou, nem da última.


A minha opção por iniciar a amamentação não foi propriamente muito pensada. Era o que fazia sentido para a saúde dela. Não me lembro de ter pensado o que era bom para mim, como me iria sentir, pelo que teria que passar. A amamentação era para mim parte das minhas funções como mãe, era para executar. Por isso foi tão difícil aceitar que era capaz e ultrapassar as inseguranças. O meu lugar confortável começou a aparecer por volta dos 4 meses. E quando apareceu o conforto apareceu o prazer. Amamentar passou a ser bom para mim, a trazer -me sensações boas para além da função. Acho que foi o nosso ponto de viragem, em que passamos a fluir. Foi duro fisicamente, principalmente de noite. Mas não me lembro de querer parar ou de sentir que já não aguentava mais. Talvez por tudo o que
me trazia de bom e confortável. Confesso a vaidade de dar mama em qualquer lugar, de ter sempre alimento e bebida para a minha filha.


Nas compras, na praia, em casa, em todo o lado. Senti-me uma mãe completa e vaidosa. Voltamos a ter problemas quando engravidei e amamentação passou a ser dolorosa. Foi inesperado e difícil de gerir. Por volta das 15 semanas de gravidez além da dor veio a repulsa. Não queria dar mama, não a queria perto das minhas mamas. Chorei muito, culpei-me
muito.

Foi duro, mas encontramos o nosso caminho. Pela primeira vez mostrei-lhe os meus limites. Falei muito com ela, partilhei aquilo que sentia. A decisão de deixar de mamar foi dela, fruto das circunstâncias que nos envolviam. Foi tão lento, tão pacífico que não gravei aquele último momento. Recordo a primeira vez que adormeceu ao meu colo sem mama. Deitei-a, recolhi-me e chorei. Sabia que era o nosso primeiro sinal do fim da jornada. Foi um caminho tão bom e tão bonito.


Não deixei de estar disponível para a amamentar. Quando o irmão nascer, se ela quiser e me fizer sentido podemos retomar este caminho.