Joana | Mãe da Jasmim
Faz hoje 6 meses. 6 meses que me redescobri. Dizem-nos que nunca mais nada vai ser como era , mas não chegamos verdadeiramente a valorizar o que isso realmente significa. A verdade é que há uma pessoa antes e uma mãe depois do bebé nascer. Fui como tantas mães ingénua no que toca ao tema amamentação, confesso que achei que era tudo tão biológico que a ajuda que nos dariam no hospital seria suficiente. Caso não fosse , o plano era claro procurar ajuda, de alguém que fosse a casa e nos orientasse, assumindo sempre ser algo de pequenos ajustes.
Como tudo na vida e mais ainda na maternidade, há sempre vida para além dos nossos planos e das nossas expectativas. A minha bebé nasce, a amamentação começa desde aí a mostrar que não era o que parecia. Era algo que exigia uma decisão. A decisão de seguir em frente, de procurar ajuda, de ser resiliente e principalmente de olhar fundo e saber até onde queríamos ir.
Mal nasceu, a bebé pegou logo na mama e mamou muito tempo até. Parecia tudo estar fantástico, até que começaram a surgir as primeiras feridas. Os palpites, a colocação de chupeta, o leite artificial quando as enfermeiras bem entendiam porque a menina tinha fome, e assim num ápice perdi o controlo da minha própria filha. Do processo mais “nosso” e do momento de maior conexão que poderíamos ter, pra mim, naquele momento.
A partir daí, dei por mim a chorar toda a noite a pensar “que mãe sou eu que perdi o controlo e deixei que fizessem o que bem quiseram contra o que acredito ser melhor para nós”!
Só queria sair do hospital para em paz poder encontrar o nosso caminho. Sem mais interferências que nos afastassem. Chegamos a casa já com os mamilos em ferida, e com dificuldade em amamentar e eis que entra um estado de emergência.
Algo para o qual ninguém nos preparou também. Sozinhos com uma bebé. A decisão de não abdicar da amamentação estava tomada, inconscientemente tinha nascido uma vontade imensurável de não deixar que mais nada quebrasse a ligação. Os mamilos cada vez mais em ferida aberta, as horas para mamar cada vez mais dolorosas exigiam que procurasse ajuda a qualquer custo.
Encontrei assim a Cristina no Instagram. Tinha o seu livro que estupidamente não o tinha lido quando teria sido fundamental, e agora aqui me deparava com a conta dela, arrisquei. Contactei por mensagem e logo no minuto a seguir recebo a resposta que poderíamos falar por videochamada quando eu quisesse. Era de noite, completamente fora de horas, e ali estava alguém completamente disponível para ouvir. Sim, antes de tudo para ouvir. Porque a verdade é que do lado de cá estava uma mãe e um bebé que não sabiam sequer o que estavam a passar. Ainda hoje, recordo a serenidade e a gentileza do tom da Cristina. Mesmo à distancia, ali estava alguém para me acolher.
Falamos sobre a amamentação, vimos a bebé , o diagnóstico de freio curto foi praticamente instantâneo, e debatemos como poderia melhorar a pega, porque a verdade é que teria que o fazer eu sozinha fisicamente. Mas em momento algum estava sozinha. A Cristina esteve sempre ali para apoiar e auxiliar. Do outro lado do ecrã, é verdade, mas tão mais presente do que tinham tantas outras profissionais estado até então.
Recordo de questionar a Cristina se era mesmo verdade que algum dia não iria doer. E de lhe dizer que precisava de ver para crer mas que se era possível eu iria lá chegar! Demorei 2 meses, mas comprovei que a Cristina como em tudo o que tinha dito, tinha razão.
6 meses se passaram, e cumpri o meu primeiro objectivo, dar de mamar sem dor em exclusivo até aos 6 meses.
Todos os dias, mesmo sem ela saber, agradeço lhe por isso, e não há um dia que não pense nela. Com carinho e a saber que está só à distância de uma chamada.